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terça-feira, 1 de abril de 2008

A mentira.(1)

"Mentir não é só dizer aquilo que não é.
É também, e sobretudo, dizer mais do que aquilo que é e , do que diz respeito ao coração humano, dizer mais do que se sente.
É isso que fazemos todos, todos os dias, para simplificar a nossa vida."
Albert Camus.

Hoje vamos obviamente falar do dia das Mentiras, 1 de Abril, um dia no qual nos é permitido mentir mais, muito mais, do que nos restantes dias das nossas vidas.
Segundo um estudo feito pela companhia britânica Beverage Brands, todas as pessoas mentem cerca de 4 vezes por dia.
Quando alcançam os 60 anos de vida, já mentiram pelo menos 88 mil vezes.
Como muitos previam, os homens mentem mais vezes do que as mulheres.
Em média, os homens mentem 5 vezes por dia; as mulheres mentem 3 x dia.
Portanto todos nós mentimos... mas há uma boa notícia...
A mentira exercita o cérebro.

É verdade, fazendo um "rx" ao cérebro, um grupo de investigadores norte-americano descobriu que há diferenças entre as pessoas que mentem e as que dizem a verdade;
uma delas é que os mentirosos usam mais áreas do cérebro do que os que dizem a verdade.

O estudo recorreu à convencional ressonância magnética para verificar que as alterações visíveis no cérebro mostram se as pessoas estão a mentir, ou não.
A conclusão a que chegaram estes investigadores poderá também contribuir para o desenvolvimento de uma nova tecnologia para detectar mentiras, afirmaram à Reuters.
O estudo foi feito em 10 voluntários, sendo que a seis deles foi pedido para dispararem uma arma de brincar e mentirem afirmando que não o tinham feito.
Aos restantes três, que observavam a experiência, foi pedido que contassem a verdade acerca dos factos observados.
O último dos 10 voluntários iniciais foi excluído da experiência.
Ao darem o seu testemunho, os voluntários foram submetidos a um polígrafo e à ressonância magnética, que proporciona uma imagem em tempo real da actividade exercida pelo cérebro.
A conclusão a que chegaram estes investigadores é que há claras diferenças entre os cérebros das pessoas que mentem e das que falam verdade.
Mas a segunda conclusão que puderam retirar é ainda mais curiosa; no grupo das pessoas que mentiram foram encontradas sete áreas do cérebro em actividade, ao passo que nas pessoas que disseram a verdade, apenas quatro áreas cerebrais estiveram activas.
Isto significa que, as pessoas que mentem exercem maior esforço mental do que as que dizem verdade.Ao mentir, as pessoas exercitam a parte frontal, média inferior, pré-central, "hippocampus", "regiões média temporal", "limbic" e até zonas de actividade "emocional" do cérebro.
Por seu turno, as pessoas que disseram a verdade, activaram outras partes do cérebro e em menor número.
Em relação à mentira prefiro pensar assim:
"Mais vale viver uma realidade amarga do que uma ilusão doce"
Contudo sobre a mentira há muito que se lhe diga... (Ultimamente ando a fazer umas rimas inconscientemente...)
Aqui ficam alguns pensamentos e um texto para reflexão.
Participe .
Xana.
"A mentira tem pernas curtas"
Popular
"Uma mentira dá meia volta ao mundo antes que a verdade tenha tempo de se vestir"
Sir Winston Churchill
"Qualquer um, pode dizer a verdade, mas é necessário um espírito hábil para dizer uma boa mentira"
Samuel Butler.

"As convicções são mais perigosas para a verdade do que as mentiras".
Friedrich Wilhelm Nietzche
Leia mais no DN Online (Continente).
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Ainda sobre a mentira, deixo-vos aqui excertos de um texto de Rui Carreteiro:
..."Começando pelos falsos elogios - p.ex, essa saia fica-te mesmo bem -, passando pelas desculpas "esfarrapadas" - p.ex., não pude fazer os trabalhos de casa porque faltou a luz - ou pelas mentiras descaradas, chegam mesmo existir casos em que os pais, que parecem tão preocupados quando os filhos mentem, os incitam a mentir - p.ex. quando lhes pedem para dizer que eles não estão em casa.

A mentira pode surgir por várias razões:
-receio das consequências (quando tememos que a verdade traga consequência negativas), -insegurança ou baixa de auto-estima (quando pretendemos fazer passar uma imagem de nós próprios melhor do que a que verdadeiramente acreditamos),
por razões externas (quando o exterior nos pressiona ou por motivos de autoridade superior ou --por co-acção),
-por ganhos e regalias (de acordo com a tragédia dos comuns, se mentir trás ganhos vale a pena mentir já que ficamos em vantagem em relação aos que dizem a verdade)
-ou por razões patológicas.

Na infância mentimos para nos isentarmos das culpas.
Muitas vezes os adolescentes descobrem que a mentira pode ser aceite em certas ocasiões e até ilibá-los de responsabilidade e ajudar a sua aceitação pelos colegas.
Algumas crianças e adolescentes que geralmente agem de forma responsável, podem cair no vício de mentir repetidamente ao descobrir que as suas mentiras saciam a curiosidade dos pais.
Para alguns investigadores, as crianças aprendem a necessidade de mentir (p.ex. não demonstrar descontentamento com as prendas recebidas sob pena de não receberem mais) tão cedo quão mais inteligentes forem.

Face à sua frequência, existe uma certa tendência para banalizar ou até catalogar a mentira como positiva - a "mentira branca" é considerada como uma forma de facilitar a integração na sociedade, e muitas vezes os que não a utilizam são catalogados como ingénuos -, mas há que não esquecer que durante toda a história da humanidade a mentira causou muitos sofrimentos e fez derramar muitas lágrimas sobretudo quando projectada sob a forma de calúnia

Quando as crianças ou adolescentes mentem, os pais devem conseguir distinguir entre a realidade e a mentira e falar abertamente com eles sobre os aspectos pejorativo da mentira, e as vantagens que a verdade lhes trará. Em casa a criança deverá encontrar exemplos de verdade e honestidade que fomentem a sua atitude de sinceridade.

Durante os primeiros anos as crianças não distinguem a realidade da fantasia, mas cedo começam a utilizar a mentira por proveito próprio. Sensivelmente por volta dos 7 anos as crianças já têm capacidade para distinguir claramente o verdadeiro do falso, e os adolescentes passam a conseguir discernir com relativa facilidade quem está a mentir ou a ser sincero.

A mentira existe ao longo de toda a escala patológica.
A saúde mental só é compatível com a verdade. De nada serve querer acreditar que o nosso familiar não faleceu quando na realidade isso não é a verdade, de nada serve acreditarmos que somos capazes voar se na realidade não temos asas.

Nos estados neuróticos, a mentira pode surgir com base numa incapacidade da consciência aceder a factos recalcados e que se encontram no nosso inconsciente, ou por problemas de auto-estima e auto-imagem que despoletam a necessidade de fazer passar uma auto-imagem melhor do que a que acreditamos ter.
Nos estados limite, a mentira aparece frequentemente devido à falta de barreiras externas que balizem o comportamento. Esta situação surge frequentemente em filhos de pais muito repressivos ou demasiadamente permissivos.
Nas psicoses, a mentira surge na forma de delírio, uma descrição que as próprias pessoas admitem como verdadeira, apesar do seu aspecto frequentemente bizarro, devido a uma quebra de contacto com a realidade

A mentira pode ainda surgir como uma dependência, quando dita de uma forma compulsiva.
Os dependentes da mentira sabem que estão a mentir mas não se conseguem controlar, num processo que surge de uma forma muito semelhante ao do vício do jogo ou à dependência de álcool ou de drogas.
Esta incapacidade em controlar os impulsos é causadora de um sofrimento nítido razão pela qual deve ser alvo de tratamento. Nos dependentes da mentira, o primeiro passo a dar consiste em assumir que existe um problema e de seguida procurar ajuda para esse mesmo problema.
A nível da abordagem terapêutica o tratamento passa geralmente pela realização de uma terapia psicológica.

4 comentários:

Anónimo disse...

"sabes que ...","não digas a ninguém...","quem me disse é de toda a confiança...","já desconfiava...","és capaz de ter razão...","por isso é que não o cumprimentou...","sempre me disseram...","só agora é sabes...???","não me admira nada,até porque..."
DE MENTIRA EM MENTIRA ATÉ à VERDADE FINAL.....

Xana Abreu disse...

Olá anónimo.
Eu diria "De mentira em mentira até a VONTADE (seja mentira, seja verdade) FINAL.
Obrigada.
Xana.

Anónimo disse...

A suprema mentira:
"Até que a morte nos separe"

Xana Abreu disse...

Tem toda a razão quanto à suprema mentira...
Esse pensamento vou grava-lo na memória, cita-lo quando necessário e atribui-lo, sempre, a um anónimo que mo dirigiu no blog.Pode crer.
Obrigada.
Xana.