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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Escrito e Eterno.O livro.











A arte de saber escrever pode ser, a meu ver, comparada com a arte de saber cozinhar.

O mesmo que saber ler e comer.

É preciso um equilibrio literário-culinário.

Equilibrio Literário é saber escrever para o comum dos mortais.

Os que simplesmente saber ler, independentemente da idade ou da sua formação.

Comparando com a culinária seria uma refeição ligeira, que todos possam digerir, "tipo um prego no pão", que não se come sempre, mas que sabe sempre bem a toda a gente.

O equilibrio está, então, no saber escrever para os que gostam de "pregos no pão" e para os apreciadores da "nouvelle cuisine"que se pode equiparar aos excessivos escritos egrégios, por vezes ridículos, de alguns ilustres escritores.

A dose certa disto e daquilo, da narrativa corrida e perceptível com um toque de bom gosto é a alma de um bom livro, equilibrado e digerível.

A leitura deve ser um prazer, tal como a comida.

Mas variada!

Pergunto-me então porque motivo se lê tão pouco em Portugal?

E o que é que se anda a ler?

É o preço dos livros, é o hábito que teima em não se instalar, é o mau exemplo dos pais ou dos professores que não cultivam o gosto pela leitura?

Saramago, o nobel da literatura diz que "estamos um bocado aborregados".Lia-se numa notícia de ontem, que pode ler na íntegra aqui no blog.

"Aborregado" para quem não sabe é um adjectivo e significa semelhante a borrego;
diz-se do céu quando este apresenta nuvens como velos de lã branca;diz-se, dos glaciares, quando a sua frente se eleva e apresenta saliências arredondadas.


Palavra de Nobel...

Voltemos então à mesa onde escrevemos e lemos muitos dos nossos livros.

O que hoje importa sublinhar, é que o risco de má digestão de uns ou outros menús literários, só depende do estomago de cada um e da quantidade ingerida.

O que importa é ler, mas leia; leia de tudo um pouco para não ficar na tacanhice e pequenez de um só género seja ele qual fôr.

Leia o sabor narrativo, lírico e dramático.

Venha a sopa de romances, fábulas, crónicas e epopeias;

odes e sonetos;

sátiras e elegias.


Saboreie revistas, jornais, a Bíblia e todos os livros até os de quadradinhos.Sejam eles do take -away, fast-food, tradicional portuguesa, tapas, infantil ou vegetariano.

Venham os livros e até os restos, porque já o dizia e bem o escritor Pablo Neruda:

«Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música e quem não acha graça em si mesmo.»

Xana Abreu.

Outras leituras:

Byblos, a maior do país.

Livraria Esperança, a segunda maior do mundo.

Artigo do Jornal inglês, The Guardian, sobre as 10 melhores livrarias do mundo, onde aparece a Livraria Lello, no Porto e el Ateneo de Buenos Aires.

amsterdamworldbookcapital



2 comentários:

Anónimo disse...

Estou a ouvir o vosso programa que é muito interessante e que eu desconhecia.
Sou natural de uma aldeia de Pombal, distrito de Leiria licenciei-me em Linguística em Lisboa e profissionalizei-me em professor de Português. Neste momento estou a exercer a minha profissão na ilha da Madeira (Funchal).
Este ano só dou apoios a alunos com dificuldades e aconselho-os a ler, tal como aconselhei os alunos de anos anteriores.
A culpa de se ler pouco em Portugal é da pouca importância que se dá à cultura e à arte e não dos professores, por isso, os pais não incentivam os seus filhos a lerem, logo eles acabam por rejeitar a leitura, pois julgam que é algo de supérflu, inútil e irrelevante.
Por vezes, surgem excepções, eu próprio gosto de ler desde pequeno, por isso, sempre estudei sem que isso me tenha sido imposto pelos pais ou professores.
Já fiz muita coisa na vida, aliás os enormes problemas que tive ao longo da minha existência e o que observo à minha volta têm sido pretexto para me ter iniciado recentemente na escrita.
O primeiro livro que escrevi aconteceu numa altura muito difícil da minha vida, pois poupou-me uma provável depressão ou outra atitude mais radical, o que demonstra que ler e escrever faz bem, podendo mesmo substituir um bom psicólogo.
O livro tem treze contos e chama-se: A vida e os horizontes da mudança - o primeiro desses contos fala da floresta Laurissilva da Madeira que foi visitada por um Continental.
O próximo livro é: Os doze rapazzes - uma novela sobre o ensino que irá focar assuntos tão actuais como a indisciplina e a avaliação dos professores. Lá para o fim do ano irá sair outro livro de contos da minha autoria.
Tudo o que escrevo é apenas ficção narrativa e os objectivos são:
1- o prazer de escrever;
2 - o incentivar as pessoas, sobretudo os alunos que me são confiados a lerem.
A minha editora é a Ecopy e o livro já está à venda na livraria Infante.
Concordo convosco na afirmação de que não existem bons ou maus escritores e/ou livros.
Irei ouvir mais vezes o vosso programa, porquee se trata de um programa interactivo. É deste tipo de programas que a população portuguesa precisa, pois assim as pessoas podem reflectir sobre o mundo que as rodeia.
Essa reflexão a par do lazer deve ser das principais funções de um livro, independentemente de ser de literatura ou não. A reflexão é que nos leva à aprendizagem.
Bem haja.

Luís Ferreira
http://daescritaaleitura.blogspot.com

Anónimo disse...

parabéns pelo programa!e também pela iniciativa dos temas.