Antena 1 RDP Madeira das 15 às 16 horas.

X

sábado, 9 de fevereiro de 2008

"A seca das segundas-feiras"


Como vencer o Tédio que ataca às Segundas

Todas as segundas-feiras é este esforço sobre-humano para recomeçar a rotina de mais uma semana. Entre almoços preparados às sete da manhã e enfiados em termos fumegantes, até ao trânsito, maldito trânsito, passando pelo retomar da papelada que abandonamos na sexta-feira em cima da secretária, na esperança de que tudo se resolvesse magicamente, por si mesmo. Mas a magia, ao que parece, também está em crise.
Há segundas-feiras que não custam nada, mas essas só acontecem quando estamos apaixonados. Por alguém ou por alguma coisa. Sobram as outras todas, aquelas em que vence o Tédio, e em que só nos apetece ficar por baixo do ederdão.
A revista Mind, suplemento da Scientific American, dedicou exactamente ao Tédio um dossier inteiro na sua última edição, porque os cientistas acreditam que é uma das grandes causas do consumo de drogas (usadas como forma de fuga), das depressões, ansiedades e de fenómenos como o insucesso escolar e profissional.
Os níveis de tédio, defendem, dependem de pessoa para pessoa, e há algumas mais susceptíveis de sofrerem daquela que a autora do artigo, Anna Gosline, classifica da «emoção mais chata de todas as emoções humanas». As principais vítimas são as que têm dificuldades de concentração, não conseguindo mergulhar suficientemente fundo nos assuntos para descobrir o seu real interesse. As mais resistentes, as que conseguem brincar com o pensamento e a imaginação, juntando sempre algum «picante», mesmo às situações mais áridas.
A culpa talvez seja dos genes, dizem, mas é certamente dos pais que não frustram os filhos, ensinando-os a «irem para fora cá dentro» e a descobrirem recursos internos para combater esta sensação de aborrecimento.
Por isso, da próxima vez que quiser poupar o seu filho ao tédio das segundas, controle-se. Porque o tédio só pode ser curado pelo tédio, que obriga a que se procurem formas novas de o ultrapassar. Um exercício doloroso, mas que ninguém pode fazer por nós.
ISABEL STILWELL

Sem comentários: